Há sentimentos que revelam inteligência, como há sentimentos que revelam a ausência dela.
A inveja, por exemplo, não é inteligente! Se fosse inteligente, já teria percebido que ela suja o pensamento, cria barreiras à verdade, impede a clareza de espírito.
Coisa diferente é a crítica satírica, nunca a pessoas, mas sempre a factos, acontecimentos, pensamentos, ideias ou posições.
No nosso estado primitivo, no verdadeiro estado de natureza, o amor-próprio não existe; porque, cada homem em particular olhando a si mesmo como o único espectador que o observa, como o único ser no universo que toma interesse por ele, como o único juiz do seu próprio mérito, não é possível que um sentimento que teve origem em comparações que ele não é capaz de fazer possa germinar na sua alma.
Mas quando o homem passa essa fase e passa a ser muito da sociedade, transforma muito do seu amor-próprio em inveja em relação aos outros que alcançaram o que não fomos capazes de alcançar.
Jean-Jacques Rousseau, in 'Discurso Sobre a Origem da Desigualdade'
segunda-feira, julho 04, 2005
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1 comentário:
yep. bem dito.
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