quinta-feira, maio 31, 2007

ORDEM OU DESORDEM NA CMC


Câmara de Coimbra: ordem nas contas e desordem no PS


Escrito por Luís Santos
30-Mai-2007

“O PS enganou-se na forma como fez oposição na Câmara de Coimbra, tendo como alvo a situação financeira, porque nunca esperou que conseguíssemos pôr as contas em ordem... nem mesmo alguns dos nossos (PSD)” - disparou o vereador Marcelo Nuno, perante a concordância do social-democrata Francisco Rodeiro, enquanto o socialista Luís Marinho sublinhava que uma governação para o futuro tem de ter uma base sólida.

No programa “Praça da República”, sábado, na Rádio Regional do Centro (96.2 FM), realizado no Hotel D. Luís, o responsável pelo pelouro financeiro do município explicou que o caminho da “consolidação e do equilíbrio” começou com dois orçamentos “extremamente rigorosos”. “Iniciei o mandato com uma dívida a curto prazo de 30 milhões de euros, o que para um orçamento executável de 80 a 90 milhões é muito significativo, devendo chegar ao final deste ano reduzida a um sexto do valor (5 milhões de euros), na pior das hipóteses”, referiu Marcelo Nuno, destacando que o recente empréstimo de 12,5 milhões de euros para investimento “demonstra que a Câmara tem capacidade de endividamento, a qual está a ser utilizada em apenas um quarto”.

Em relação a posições dissonantes assumidas no seio da vereação socialista, por Victor Baptista (líder distrital do partido) e Luís Vilar (presidente da Concelhia), o autarca social-democrata, que não esqueceu a “herança” de 55 milhões de euros do Estádio - “um peso brutal na estrutura financeira da Câmara e ainda dizem que deixaram os cofres cheios” -, declarou “não ter culpa da necessidade que cada um deles tem em mostrar protagonismo e mostrar que é melhor líder da oposição”.

Oposição incoerente

Na oportunidade do ex-eurodeputado socialista Luís Marinho entrar na conversa, este considerou que a oposição do PS à Câmara de Coimbra é “muito singular”. “Há alguma incoerência e a oposição que é feita é para encher algumas páginas de jornais, mas não basta gesticular e fazer ruído”, referiu, para opinar que “o PS tinha obrigação, perante a actual maioria, de demonstrar que tem um programa alternativo”. “As pessoas que representam o PS não conseguiram mostrar, até por estarem aqui e acolá, em Coimbra e em Lisboa, por serem responsáveis por muita coisa, de tocarem a tudo e não tocarem a nada, que tinham um projecto político coerente, sustentável, dinamizador, capaz de dar outra perspectiva de desenvolvimento do concelho”, referiu.

Luís Marinho, fazendo questão de referir que “não tem paciência para ver blogues” e “diz o que pensa, onde quer e como quer, não precisando de se esconder no anonimato”, considera que “o PS tinha obrigação de apresentar uma política para Coimbra e para as cidades do distrito”. “Como não acredito em salvadores individuais, em milagreiros, nem em discursos demagógicos, vejo o futuro autárquico com alguma apreensão”, declara, sustentando que “haverá algumas ambições, alguns jogos de bastidores, alguns que se dizem que vão ser, mas de colectivo e de substancial e político não se tem feito nada nestes dois anos de mandatos autárquicos”.

Francisco Rodeiro, advogado e ex-vereador do PSD atento à realidade, recorda-se de ter lido, recentemente, uma entrevista do presidente da Comissão Política Concelhia de Coimbra do PS onde ele dizia “estar a fazer o trabalho de casa para daqui a dois anos”, para adiantar que será preciso mudar o registo, uma vez que “de há uns tempos a esta parte alguns artigos de socialistas já deixaram de referir tanto a situação financeira da Câmara, para passar a desancar na falta de liderança da oposição e na conivência que estão a ter com muitas votações no executivo”.

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