domingo, janeiro 22, 2006

PORTUGAL ELEGEU CAVACO SILVA O PRIMEIRO PRESIDENTE DE DIREITA.


Cavaco Silva foi eleito, à tangente, Presidente da República Portuguesa.
Parabéns para o novo Presidente da República, desejando o Politicaehouse que exerça o seu mandato com sentido de Estado e extrema responsabilidade, até porque ele sabe que foi eleito, também, com os votos do centro de esquerda que não se reviram, nem em Mário Soaes, nem em Manuel Alegre. Os nossos votos de felicidades.
Manuel Alegre beneficia, para uns oportunisticamente, para outros inteligentemente, do voto dos descontentes com as medidas do Governo de um conjunto de classes sócio-profissionais; dos professores aos magistrados, dos polícias aos militares, dos médicos aos farmaceuticos, dos demais funcionários públicos aos que mais ganham em Portugal.
O facto é que Manuel Alegre espreitou essa brecha, analisou as suas possibilidades, que seriam as de qualquer outro deputado mais mediático que se colocasse sistematicamente na posição fácil e confortável de ser SEMPRE contra-poder, mas indisponibilizando-se, igualmente sempre, para ajudar o executivo, ou fazendo parte de um executivo, a fazer coisas para melhorar a vida dos portugueses.
É curioso que Alegre fez de toda a sua vida política uma vida de contra-poder, de contra-sistema. Porém, ele fez e faz parte desse sistema que tanto critica e que beneficiou mais do que qualquer outro. Foi deputado desde 1974, sendo várias vezes imposto pelos sucessivos secretários-gerais, nomeadamente Mário Soares, às estruturas de base do PS por onde Alegre foi sendo cabeça de lista ( em especial depois de ter sido recusado pelos militantes de base do PS-Coimbra ). O que é isto senão estar dentro do tal sistema de que Algre tanto mal fala e que tantas vezes o beneficiou ?
Mário Soares é sem dúvida o único grande Estadista vivo em Portugal.
Ao contrário do que passou na comunicação social, foi escohido pelo PS porque o PS sabia que Manuel Alegre não teria nunca as bases a trabalhar para si. É uma figura snob e arrogante que muitos conhecem bem. Jamais mobilizaria o PS. Mobilizou os portugueses porque não o conhecem, por um lado, porque a poesia encanta os artistas, porque aproveitou de forma repugnante os efeitos das medidas difíceis do Governo, colocando-se à margem de um partido que lhe deu o pão e a boa vida nos últimos 30 anos e para onde, agora, quer regressar.
Soares aceitou, quando já nada a política lhe poderia dar, candidatar-se. Foi igual a si mesmo. Nunca se colocou à margem das medidas dificeis do Governo e até concordou com várias, assumindo o risco de isso lhe retirar votos. É um grande político que deixará saudades na vida política activa portuguesa, com todos os seus defeitos, naturalmente.
Un grand senheur. Un grand politique.

11 comentários:

Anónimo disse...

Conclusão:

Sócrates fica mais à vontade tendo como Presidente Cavaco do que por exemplo e no caso em concreto que Alegre.

Para bom entendedor...

Soares não merecia que a Direcção do PS lhe fizesse isto.

Anónimo disse...

Bem o que é certo é que Soares e Cavaco ja lá estiveram e viu-se o que foi.
Alegre foi o único durante a pre-campanha e a campanha que teve um discurso de Presidente da República.
Cavaco teve um discurso de Primeiro Ministro, Soares atacava com todas as suas forças Cavaco e os outros também à excepção de Garcia Pereira.
Vejo que tambem aqui neste blog se ficou incomodado com esta candidatura de Manuel Alegre, que deu a oportunidade a muitos cidadãos como eu que estavam descontentes com a política, com os partidos e com mais do mesmo como foram as de Cavaco, Soares, Louçã e Jerónimo.

Anónimo disse...

SOARES MERECE, PORTUGAL TAMBÉM

ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah a

Anónimo disse...

Alegre não lhe deu possibilidade alguma porque ele está enfiado no sistema partidário, designadamente do PS, como qualquer outro. Viveu como deputado a vida inteira e nunca soube o que era ter de se levantar às 7 da manhã para trabalhar, para produzir. Depois foi escolhido pelo PS que agora enjeita para ser vice-presidente da Assembleia onde ganha o dobro de um deputado, com direito a um belo mercedes E330 e motorista, que utiliza para a caça. Isto é viver de què senão do sistema como bem dizem os amigos do politicae ?
Tenha mas é vergonha. Respeitaria esse movimento de cidadãos se ele fosse encabeçado por um simples, mas credível cidadão com provas dadas na sociedade civil, e na sua profissão.
Alegre é e sempre foi um oportunista.

Anónimo disse...

Dis-se aqui neste comentário que os cidadãos estavam insatisfeitos com a política. Mas Açegre é o exemplo vivo de alguém que vive à custa dessa política e desse sistema que ele critica. Tb ele foi imposto para deputado quando muitos militantes de bese não o queriam. O tal sistema que impõe pessoas por cima dos militantes de base permitiu a Alegre manter-se à tona no parlamento durante 30 anos.

Anónimo disse...

ACHO QUE O POLITICAEHOUSE DEVERIA MUDAR OTÍTULO PARA " SOARES É O ÚNICO ESTADISTA VIVO DE PORTUGAL E PORTUGAL NÃO O MERECE"

Anónimo disse...

Perfeita esta análise. Mostra uma grande inteligência baseada em factos, o que é sempre importante nos comentários políticos e raramente se vê análises factuais. O que há mais por aí são análises emocionais.

Anónimo disse...

"Respeitaria esse movimento de cidadãos se ele fosse encabeçado por um simples, mas credível cidadão com provas dadas na sociedade civil, e na sua profissão." Como por exemplo, Garcia Pereira

Anónimo disse...

CARTA ABERTA
Camarada Mário,

Numa altura em que se generaliza o uso ao conceito de carta aberta, também não quis deixar de me dirigir a si dessa forma.

Quero-lhe agradecer. Por tudo o que fez antes e depois do 25 de Abril. Por ter sido secretário pessoal de Norton de Matos e também por ter estado do lado de Humberto Delgado. Por ter lutado no exílio pela Revolução dos Cravos. Pelo Vinte e Cinco de Novembro. Por ter evitado a bancarrota no nosso país, com as medidas de austeridade que tomou enquanto foi chefe de governo. Pela adesão à CEE logo em 1986, acontecimento em que foi preponderante a sua influência junto de "son ami Miterrand". Por ter dado uma visão moderadora do órgão de Presidente da República.

Mas quero-lhe, sobretudo, felicitá-lo. Por sempre defender acerrimamente aquilo em que acreditou toda a sua vida: o Socialismo Democrático, a fraternidade e a tolerância. Por estar sempre do lado do seu PS, apesar de, e ao contrário de outros que o negaram, já não ser seu dirigente há 20 anos. E, sobretudo, por ter dito que jamais se candidataria sem o apoio do Partido Socialista. Quando outros queriam esse apoio e embirraram só por não terem sido eles os escolhidos pelo nosso secretário-geral e primeiro-ministro de Portugal. Isso revelou, uma vez mais, a sua coluna vertebral.

Você é o maior estadista Português, pelo menos, dos últimos 50 anos. É isso que ficará na história.

Valeu a pena o sonho que você idealizou em 1973 na Alemanha. Esse sonho que tão bem está entregue nas mãos do nosso camarada José Sócrates. Não o deixemos cair nas mãos erradas.

Uma última palavra: fiz campanha por si nas ruas, nos mercados e nas feiras. Éramos poucos, bem sei. Os poucos de sempre que sempre aparecem quando as coisas estão em baixo. Ao contrário de muitos outros, eu prefiro estar com quem acredito nos momentos difíceis. Porque sei que nos fáceis eu não serei tão útil.

Foi uma honra ter estado do seu lado, Camarada Mário Soares.

em http://estaleiro.blogspot.com

Anónimo disse...

Muito mais do que a análise ao comportamento de Manuel Alegre e à figura de Mário Soares, interessa analisar o sinal que consciente ou inconscientemente, foi dado pelos portugueses ao deambular do poder no seio do bloco central. Os cerca de 21% de votos, com ascendente nos grandes centros urbanos (33% em Coimbra), não poderão ser desvalorizados. Não são os 7-8% do Bloco ou do PCP.
Para além de manifestar o desencanto perante o todo do bloco central, manifesta de uma forma muito clara, como já nas autárquicas tinha acontecido, a não identificação da população com as estruturas regionais e locais do Partido Socialista, em especial com os seus dirigentes.
Muito mais haveria para dizer!

Luis Melo Biscaia disse...

Sobre as eleições
Cavaco Silva, embora por uma diminuta margem (não chegou às seis décimas), conseguiu ser eleito, à primeira volta, Presidente da República.
A sua demorada preparação (de anos!) para estas eleições e a sua cuidada e bem apoiada campanha, a que se associou, é inegável, a boa prestação eleitoral do candidato, deram a vitória, pela primeira vez, depois do 25 de Abril, a um representante da direita!
São várias as razões que, quanto a nós, podem explicar tal êxito:
1ª - A esquerda não conseguiu apresentar-se unida ( o PS foi convidado a tal !);
2ª – No próprio partido socialista houve divisão, com duas candidaturas, a de Mário Soares ( o escolhido pelo partido) e Manuel Alegre que, sentindo-se talvez injustiçado pelo seu partido de sempre, impulsionou aquilo a que chamou um movimento de cidadania, com a participação não só de socialistas, mas de pessoas de outras áreas políticas;
3ª – As últimas medidas do governo, embora necessárias, foram impopulares e contrárias até às promessas do respectivo programa, criando-se um descontentamento quase generalizado, sendo certo que a grave crise permanece ainda;
4ª – Cavaco silva não se cansou de repetir que poderia, como Presidente da República, ajudar a resolver tal crise;
5ª – Cavaco Silva é Economista e Professor e até essa sua qualificação teria tido influência na sua escolha por parte do eleitorado.
6ª - Acresce que, com sinceridade ou não, ele sempre prometeu garantir a estabilidade política, a boa colaboração com o actual legítimo governo;
7ª – Nos seus discursos, mostrou-se como um autêntico social-democrata, defensor do diálogo para prevenir e resolver conflitos sociais, da justiça social, da economia ao serviço do social, da preservação dos sectores estratégicos da economia nacional, do combate ao desemprego e à pobreza e exclusão, do desenvolvimento e competitividade, etc;
8ª – Enfim, Cavaco Silva não teve relutância em usar uma linguagem de esquerda, chegando a afirmar numa entrevista ainda recente que, hoje, era um homem diferente que tinha, de certa maneira, evoluído;
9ª – Para além disto tudo deve ainda considerar-se que Manuel Alegre, segundo classificado na corrida eleitoral, não teve apoios partidários, trabalhou sozinho e “ sem rede”, apenas a ele e aos que o acompanharam nesta aventura política se ficou a dever o mérito da posição alcançada;
10ª – A Mário Soares faltou ( e notou-se muito) um maior empenhamento do PS, confiando-se demais no valor da sua personalidade e do seu justo prestígio. Ele fez o possível e quase o impossível, foi muito generoso na sua acção eleitoral, foi acarinhado por onde andou, revelando, para ultrapassar o estafado argumento da sua idade todas as suas capacidades físicas e intelectuais, toda a sua experiência política. Mas, não chegou!
A idade é, na verdade, para alguns um posto, para outros é um “ contra”!
Custa ver um dos mais notáveis políticos portugueses sair de cena desta maneira pois a gratidão que merece de todos os portugueses não lhe foi devidamente manifestada, na hora da verdade, pelo voto!

De tudo isto, é legítimo concluir que alguma esquerda tem culpas, e grandes, em facilitar a vitória, embora sofrida, de Cavaco Silva, que, diga-se, não só colheu os votos da direita, do centro direita, mas também do centro esquerda e até de franjas da esquerda!
Em todos os distritos a vitória foi dele e a vitória não foi mais folgada porque Manuel Alegre teve maior percentagem do que se contava.
Mas, agora, pergunta-se: o que acontecerá no partido socialista em relação à posição tomada por Alegre?
Pertencendo a esse partido, é aceitável que alguém crie um movimento cívico, chamado de cidadania, combatendo o próprio candidato escolhido para representar tal partido?
É evidente que a democracia não se esgota nos partidos, podendo quem a tal se disponha a fazer política e a concorrer a eleições através de meros movimentos cívicos.
Só que, quer-nos parecer, se já se tem uma filiação partidária não será curial que, paralelamente, se resolva a liderar um movimento para, no jogo eleitoral rivalizar com o seu partido!
Mas, claro, tudo o que aqui se escreve é somente uma opinião pessoal.
Para finalizar: o povo é, sem dúvida, quem mais ordena e, por isso, as suas opções são legítimas.
Daí se tenham, agora, os olhos postos no novo Presidente da República e no desempenho que vier a fazer das suas altas funções
Luis Melo Biscaia