sábado, dezembro 03, 2005

DIREITO AO CONTRADITÓRIO.

Presidenciais – a direita dividida
por José Paulo Gascão

Vai para dois anos que Cavaco, escaldado com a derrota de há 10 anos, começou a gerir o tempo de lançamento da sua candidatura à Presidência da Republica .
A servil comunicação social portuguesa, pressurosa, acorria à convocação e trombeteava, urbi et orbe, o banal comentário como se de ideia profunda se tratasse, comentava o simples artigo com um alarido despropositado, não fora tudo fazer parte da longa, meditada e programada manobra. Pretendia-se criar a ideia do distanciamento que a docência propicia e iludir a realidade: a declaração de retirada para a docência em 1996, depois da humilhante derrota nas presidenciais, escondia mas não esbateu a desmedida ambição de poder do omnisciente professor. AO PONTO DE RENEGAR A SUA CASA MÃE - O PPD/PSD.
Ao longo de dois anos procurou-se adoçar a indisfarçável arrogância, esquecer as gravíssimas lacunas culturais, apresentando Cavaco Silva como o salvador da crise de que ele foi o primeiro e um dos principais responsáveis. Tentam vende-lo como a última essência da competência, esbatendo as suas imensas responsabilidades, enquanto primeiro ministro, no aumento do desemprego (mais de 400.00 desempregados), do déficit das contas públicas que em 1993 chegou aos -8,9%, das falências sem conta que então se verificaram, da instabilidade criada no emprego com a Lei da sub-contratação.
Será preciso lembrar forma como Cavaco Silva passou o testemunho a Fernando Nogueira quando viu que a vitória do PS de Guterres era irreversível, a sua relutância a disputar as eleições presidenciais em 1996, para que foi muito empurrado e a contragosto, e na qual sofreu esmagadora derrota?
A candidatura de Cavaco Silva, pelas ideias subjacentes e por apoios que já concitou até antes de ser assumida, só pode perspectivar um período de instabilidade e conflituosidade com o governo, de que a principal vítima será o povo português.
Cavaco mente quando diz que pode ajudar Portugal a sair da crise. Mas como se os poderes presidenciais não permitem ? E ajudar com que ideias e propostas se ele, como Primeiro -Ministro foi um dos pais do "monstro" ? Ele, Cavaco, é na sua génese, ainda mais liberal e pragmático que um qualquer Sócrates. Ele, Cavaco, na Presidência não poderá deixar de apoiar e até incentivar o Ministro das Finanças nas medidas que o actual Governo vem levando à prática. Portanto é legítimo perguntarmos: Sr. Professor, diga-nos lá como vai poder ajudar Portugal a sair da crise, apesar de enquanto Primeiro-Ministro o não ter feito?

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