segunda-feira, agosto 08, 2005

MAUS ELEITORES FAZEM MAUS POLÍTICOS

A todos os eleitores frustrados com a política:

Devo dizer que têm toda a razão pela indignação!

Não é fácil acreditar nas promessas dos políticos. Pelo menos dentro do sistema que vivemos hoje.
Não me refiro ao sistema democrático, que acaba mesmo por ser o melhor dos piores sistemas, refiro-me à falta de honestidade dos políticos que se nos apresentam.
Também não me refiro à qualidade das pessoas que se apresentam como candidatos. Não é pelo facto de um individuo seguir uma carreira política, que me merece menos credibilidade.

Por oposição:
acham que um bom médico dará um bom ministro da Saúde?
ou um bom professor terá as melhores qualidades para decidir sobre prioridades no ministério da Educação?

Desculpem a veemência, mas respondo NÃO a estas perguntas.
Não concordo que um bom médico dê um bom ministro da Saúde nem um bom professor resulte num bom ministro da Educação. E isto porque as funções profissionais nada têm a ver com as funções a desempenhar por um ministro (ou qualquer outro cargo político) esta maneira de pensar é defendida por Murphy.

Um político tem que defender interesses mais abrangentes do que os profissionais. Assim veriamos o ministro médico a defender posições mais vantajosas para a sua classe e menos para a do país.Ou o professor a criar sistemas menos isentos para a Educação. Por exemplo.

Não!

Só alguém mais afastado pode ver os problemas por inteiro.

Não quer dizer que os políticos não deverão ter profissionais bons do seu lado como conselheiros. Deverão ter, e burros são se não o optarem assim.

O que me faz ser solidário com as pessoas frustradas com a política não é a carreira que os políticos possam fazer mas é a falta de honestidade nas promessas dos seus manifestos eleitorais.

Volto a pedir desculpa, mas entendo que se deveria pedir responsabilidades a um político por não cumprir o prometido em manifesto.
Entendo até que é razão para o(a) sentar no banco dos réus em tribunal!
Porque não?
Se podemos pôr uma empresa em tribunal, porque o produto ou serviço não cumpriu as expectativas criadas no consumidor. Então não podemos levar um político a tribunal porque defraudou as expectativas.

Não estou a brincar!

Entendo que com uma série de regras e normas deveria ser possível levar um político a julgamento.Se não conseguio levar à prática determinado programa eleitoral deverá explicar em tribunal. E isto deveria ser feito, assim quisessem os eleitores que num grupo de tantas pessoas considerasse incorrecta a atitude do visado. Reforço a ideia das normas e da correcção para este julgamento que não seria feito à luz da ideologia partidária mas só e exclusivamente ao confronto entre o manifesto eleitoral e a prática governativa.


E se pelo menos 60% das promessas não fossem cumpridas, o visado deveria ser totalmente arredado da política.

Claro que esta prática obrigaria a investimento de atenção e tempo a todos os eleitores.
Será que haveria muita gente a dispôr desta atitude de cidadania?

Pois aqui tenho dúvidas e espero que me engane. Mas os eleitores não cumprem na sua totalidade o seu dever de cidadania. Podem votar (cada vez menos são os que votam) e mesmo os que votam, a maioria, não se dá ao trabalho de ler os programas políticos e votam nas caras que aparecem mais vezes nos meios de comunicação.


Conclusão : cada povo tem os políticos e o governo que merece.

Se continuarmos a desistir de intervir na política aumentamos as hipóteses dos políticos serem cada vez mais corruptos.
Façamos o contrário, cada vez que achamos a coisa pior arregaçamos mangas e partimos à luta para melhorar.
Ou é mais fácil falar do que fazer?
Fica a pergunta no ar.

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