sexta-feira, janeiro 25, 2008

MOVIMENTO INDEPENDENTE COM FIGURAS VIVAS DA CIDADE PODE TER DADO UM PASSO PARA UMA FUTURA CANDIDATURA À CÂMARA DE COIMBRA

A apresentação de um texto muito crítico ao desinvestimento cultural na cidade deu expressão à “insatisfação” de muitos cidadãos, à semelhança do que já acontecera em 2005.
“Pelo direito à cultura e pelo dever de cultura!”.

O documento subscrito já por quase centena e meia de cidadãos das mais diversas áreas de actividade – das artes à vida académica –, ontem apresentado publicamente no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), tem como objectivo “dar visibilidade à insatisfação”, mas também abrir um ciclo novo na vida da cidade: a partir de agora um blog[www.amigosdacultura2008.blogspot.com] recolhe opiniões e assinaturas de outros críticos com o estado da cultura em Coimbra e um debate agendado para 20 de Fevereiro, no TAGV, deverá reunir contribuições para a mudança necessária.

Com José Reis, Manuel Portela e João Maria André a apresentarem o documento e as razões para a criação do movimento de contestação à política autárquica – ou à falta dela, como resulta claro do documento e das opiniões ontem expressas –, ficou aberto um processo que os organizadores da iniciativa pretendem venha a dar frutos, num futuro que se pretende o mais próximo possível.

Para José Reis, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e habitual interveniente na vida cívica e cultural da cidade, “este documento é, de facto, o regresso a um momento semelhante ocorrido há dois anos”, quando 60 personalidades se manifestaram num documento igualmente crítico da política cultural autárquica e do “desrespeito” havido para algumas entidades com um papel de relevo na cultura coimbrã.“Cidade amarfanhada”.
No entanto, “passados dois anos, Coimbra continua a ocupar um lugar muito difícil a nível nacional”, apesar de ser “das poucas cidades com estruturas capazes e um importante capital” de actividade e dinâmica.

Tal como diz o documento – assinado, entre muitas outras personalidades, pelos três professores da Universidade de Coimbra que ontem apresentaram o movimento, mas também por Abílio Hernandez, Albano da Silva Pereira, Alexandre Alves Costa, António Arnaut, António Dias Figueiredo, António Marinho Pinto, Boaventura de Sousa Santos, JP Simões, Gomes Canotilho, Jorge Alarcão, Teresa Portugal, Manuel Rocha ou Luís Januário –, “dois anos depois, as piores expectativas foram ultrapassadas”.
Coimbra
“é hoje uma cidade amarfanhada do ponto de vista cultural, que só não se tornou absolutamente insignificante a nível nacional graças à actividade que, no limiar da sobrevivência, os poucos agentes culturais que ainda restam conseguem ir desenvolvendo”.

Mas o documento avança ainda mais na crítica à autarquia – que acusa de ter diminuido em 80 por cento o orçamento para a cultura relativamente a 2004 –, dizendo que “a Câmara Municipal já não se limita a não apoiar devidamente a actividade cultural que aqui é feita; assume-se, pelo contrário, como um elemento dificultador e tendencialmente destruidor do potencial de criação artística que a cidade possui e que é uma das suas principais mais-valias”.

COMENTÁRIO POLITICAE

A ausência de oposição do PS na Câmara Municipal, a desorientação e falta de sensibilidade política dos deputados municipais do PS, a ausência de estratégia de comunicação da generalidade dos autarcas socialistas e das estruturas locais do PS, mas sobretudo a situação desgastante em que Luis Vilar, vereador do PS, colocou o PS nos últimos 3 anos ajudam a que nasça a possibilidade da sociedade civil se reorganizar e apresentar uma candidatura independente às eleições autárquicas de 2009 em Coimbra, com grande possibilidade de êxito.
De notar a presente de destacados militantos socialistas, reconhecidos socialmente no meio universitário, e outros que, hoje, desempenham funções de grande prestígio profissional como sucede com António Arnaut, Luis Marinho Pinto - actual bastonário da ordem dos advogados, Teresa Alegre Portugal, Ana Pires e muitos outros.
O PS pode mesmo ficar preocupado, principalmente porque nos dias de hoje as candidaturas independentes são reais ameaças de poder em meios urbanos com grande massa critica. Se duvidas houvesse aí temos para a história o fenómeno da Câmara Municipal de Lisboa e o fenómeno Manuel Alegre.

Mas como cidadão quero dizer-vos que se as soluções partidárias são as que têm sido ventiladas aqui e ali, bom, talvez prefira mesmo uma candidatura de alguém que fique acima destas ligações e interesses tentaculares!
Talvez a cidade e o concelho dê a resposta que os partidos merecem, em especial o PS - que devia estar preocupado de facto com encontrar uma solução na qual os munícipes se revejam - e faça eleger um cidadão apoiado num movimento cívico acima das estruturas partidárias e que depois escolha uma equipa de qualidade para gerir o bem público municipal e a zele pela melhoria da qualidade de vida dos seus concidadãos, com quadros técnicos reais e com méritos profissionais firmados. É isso que a gestão municipal cada vez mais precisa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não como crítica, mas como juízo de realidade: sobram-lhes personalidades , faltam-lhes votos.

Mas se os (ir)responsáveis do PS fizerem muita força na senda da autofagia , ainda lhes podem abrir uma porta.

Principalmente, se o "patrão" Pratas levar por diante a sua candidatura de direita independente.