quarta-feira, outubro 10, 2007

ADEUS FAUSTO. ATÉ SEMPRE. PARA TI, TORGA.

Não desesperes, Mãe!
O último triunfo é interdito
Aos heróis que o não são.
Lembra-te do teu grito:Não passarão!
Não passarão!
Só mesmo se parasse o coração.
Que te bate no peito.
Só mesmo se pudesse haver sentido
Entre o sangue vertido
E o sonho desfeito.
Só mesmo se a raiz bebesse em lodo
De traição e de crime.
Só mesmo se não fosse o mundo todo
Que na tua tragédia se redime.
Não passarão!
Arde a seara, mas dum simples grão
Nasce o trigal de novo.
Morrem filhos e filhas da nação,
Não morre um povo!Não passarão!
Seja qual for a fúria da agressão,
As forças que te querem jugular
Não poderão passar
Sobre a dor infinita desse não
Que a terra inteira ouviu
E repetiu:Não passarão!

2 comentários:

Anónimo disse...

BRILHANTE ESCOLHA ESTE POEMA DE TORGA.

Anónimo disse...

Nunca um poema de Torga foi tão bem escolhido para as circusntâncias!