sexta-feira, maio 04, 2007

ACONSELHAMOS ESTE BELÍSSIMO LIVRO, TÃO ACTUAL NOS DIAS DE HOJE!

Vivemos um tempo em que uma verdade hoje, dita de forma convincente, perante a tela de televisão, sobretudo dita por alguém que imponha respeitabilidade, de fato e gravata e colarinhos brancos, pode vir a ser a mentira de amanhã dita com a mesma convicção, de olhos postados no écran da mesma TV, com o mesmo ar de seriedade, com fato de igual qualidade e gravata de seda italiana. Mas principalmente, dita pela mesma pessoa.
Estes são os novos tempos.

Os tempos dos "sound bites", das frases feitas, "cápsulas de pensamento", campanhas eleitorais baseadas no carnaval vazio de conteúdo, desejadas por alguns políticos, mas também acarinhada por televisões ávidas de imagens "engraçadas".

Claro que o "sound bite" não é folclore, pode ser uma verdadeira mensagem, pode ser positivo para a comunicação política.
Uma frase pode resumir um pensamento complexo. Quando John Kennedy disse em Berlim "Como homem livre, orgulho-me de dizer as palavras 'Ich bin ein Berliner'", o mundo soube que os EUA e o Ocidente se sentiriam atacados como se fossem berlinenses, em caso de ofensiva do Pacto de Varsóvia sobre Berlim Ocidental. Quem leva a mal este "sound bite" de Kennedy enquanto comunicação política?

Todos querem ter o poder da palavra cirúrgica ou da frase premente, seja o político seja o poeta que as junta na poesia, seja o autor de aforismos, sejam o jornalista ou o escritor que as escolhem para os títulos dos seus artigos ou romances. Um título é um material tão forte que as produtoras cinematográficas americanas chegam a comprar argumentos e romances apenas por causa do título, porque acham que por si só ele venderá milhões de bilhetes.

Os "slogans", "sound bites" ou títulos são, como as melodias ou as ideias, os "memes" de que fala Richard Hawkins, unidades culturais que têm a mesma função reprodutora dos genes. Os memes imitam, e a imitação é um das principais actividades humanas, razão por que a repetição é essencial na retórica, política ou não.

Desta forma, os "sound bites" são frases curtas, repetíveis, que sintetizam - deviam, pelo menos sintetizar - o pensamento dos políticos e outros oradores dos tempos actuais. Não há qualquer problema em que os "sound bites" ou os "slogans" sejam criados por publicitários ou técnicos de "marketing" desde que correspondam à síntese da política global ou sectorial que encapsulam.
Se não correspondem, há uma fraude que os cidadãos descobrem amargamente anos depois.Este é que é o problema e é aqui que podemos encontrar os Espinhos do Poder.
Outro problema premente é quando os políticos pensam que sabem usar "soud bites", mas por incapacidade política e falta de intuição (apesar de acharem o contrário e controlarem exércitos de votos) usam e abusam de frases feitas que se contradizem entre si, muitas vezes no mesmíssimo discurso ou entrevista e sobretudo que contrariam a praxis daquele político.
Até para usar " soud bites" é preciso ter ideias fortes e para ter a capacidade de resumir num "soud bites" uma grande ideia é preciso ser-se muito bom, sob pena de se fazerem discursos contraditórios, vazios, inacapazes, frágeis e facilmente destrutíveis.